segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Por que Enea ? Final Palmeiras e Náutico - 1967

Maracanã 1967 – Palmeiras 2 x 0 Náutico
Jovem Pan Canal 100

Não é exagero dizer que o título da Taça Brasil de 1967 só foi comemorado longe da massa alviverde porque o Palmeiras confiou demais na sua força e por isso precisou disputar um terceiro jogo contra o Náutico em campo neutro. O Verdão tinha um esquadrão naquela época. Baldochi e Minuca formavam uma ótima dupla de zaga. Dudu e Ademir da Guia reinavam no meio de campo, enquanto César Maluco, Servílio (que não jogou a final) e Tupãzinho aprontavam lá na frente, infernizando as defesas.

Campeão paulista de 1966, o Verdão entrou no torneio já nas semifinais e passou sem muitas dificuldades pelo Grêmio.

No primeiro jogo da decisão foi a Recife e venceu o Náutico por 3 a 1.

Com nove dedos na taça e a festa do título já preparada no Pacaembu, o técnico Mário Travaglini se deu ao luxo de poupar seu principal jogador, Ademir da Guia, na segunda partida da final. “Depois que vencemos em Recife eu precisei ir para o Chile para resolver alguns problemas do meu casamento. Voltei a tempo de jogar, mas o treinador achou melhor me deixar fora”, lembra Ademir.

A opção de Travaglini não deu certo e o Palmeiras acabou surpreendido pelo Náutico, que venceu naquele 27 de dezembro por 2 a 1, forçando o terceiro jogo no Maracanã dois dias depois. Ademir, porém, já tinha marcado seu casamento com a chilena Ximena para o dia 28. O Divino, então, saiu do altar e direto para a concentração, para no dia seguinte encarar os pernambucanos. Como prometido, marcou um gol e dedicou à esposa – o segundo da vitória por 2 a 0.

Chovia muito no Rio, e se não fosse o gramado pesado e a falta de pontaria dos atacantes o placar poderia ter sido muito mais elástico. César Maluco, apesar de ter feito um golaço de fora da área (a bola entrou no ângulo), perdeu um caminhão de gols, principalmente no primeiro tempo.

A Taça Brasil de 1967 ficará marcada por ser ao mesmo tempo uma das conquistas mais importantes do clube e aquela que, possivelmente, teve o menor número de palmeirenses nas arquibancadas. Dos 16.567 torcedores que pagaram ingresso para acompanhar a partida no Rio, a maioria era de cariocas que apoiaram o Náutico. Do lado do Verdão estava apenas um pequeno grupo de rapazes que alugaram um ônibus para ir ao Maracanã apoiar o time.

Logo depois de dar a volta olímpica ao lado dos companheiros com as bandeiras do Brasil, do Palmeiras e da FPF (Federação Paulista de Futebol), Ademir da Guia enfim pôde curtir a lua de mel.

Ficha do Jogo
Palmeiras 2
Náutico 0

Palmeiras: Perez, Geraldo Escalera, Baldochi, Minuca e Ferrari; Dudu e Zequinha; César, Tupãzinho, Ademir da Guia e Lula Técnico: Mário Travaglini
Náutico: Valter Serafim, Gena, Mauro, Fraga e Clóvis; Rafael e Ivan; Miruca, Ladeira (Paulo Choco), Nino e Lalá Técnico: Duque
Gols: César, aos 8 do 1ºT, e Ademir da Guia, aos 34 do 2ºT
Juiz: Armando Marques
Renda: NCr$ 43.537,40
Público: 16.567 pagantes
Data: 29 de dezembro de 1967
Local: Maracanã, no Rio


Mário Travaglini: Durante muito tempo, fui técnico dos aspirantes do Palmeiras e sempre que saía o treinador do time principal eu assumia a equipe. Em 1967, foi assim. O Aymoré Moreira deixou o Palmeiras e peguei o time já no fim do ano. Na final contra o Náutico, ganhamos o primeiro jogo e não esperávamos perder em São Paulo.

Não acredito que o time tenha entrado de salto alto porque bastava o empate, mas acabamos surpreendidos.

São coisas do futebol que não têm explicação. Não fizemos um bom jogo, e o Náutico, que tinha um time muito bem armado, acabou levando a melhor no Pacaembu. Aí, fomos para o último jogo no Rio e fizemos uma bela partida no Maracanã. Foi um título merecido.

Mário Travaglini tem 78 anos e é ex-presidente do Sindicato dos Treinadores de São Paulo


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